Cultivo de eucalipto em indústria de celulose em Mucuri (Foto: Amanda Oliveira/GOVBA)


O papel está presente em praticamente todos os segmentos da vida doméstica, acadêmica e empresarial. Mesmo com as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, o setor de papel e celulose na Bahia registra um crescimento na produção de 40,6%, no acumulado de 2006 até março deste ano, segundo dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

No período de janeiro a abril de 2017, o segmento de papel e celulose foi o segundo mais importante nas exportações baianas com participação de 16,67%. Ainda de acordo com a SEI, as exportações neste setor em 2017 somam, até o momento, US$ 382,804 milhões. Somente de janeiro a março de 2017, 66 novas vagas de emprego foram ocupadas no setor. Na área de produção, até março deste ano, houve crescimento de 1,1%.

Nesse período, a China continuou sendo o maior mercado para as exportações de papel e celulose da Bahia. Dois municípios, Eunápolis e Mucuri, no sul do estado, se destacam na produção e são sedes de grandes empresas do segmento – a Veracel, instalada em Eunápolis, e a Suzano, localizada em Mucuri. Considerada uma das indústrias mais avançadas do mundo no setor, a Veracel é especializada na produção de celulose. Já a Suzano, atualmente em expansão, produz de forma integrada (papel e celulose) e possui a maior unidade produtora de celulose e papel do Brasil.

A fabricação da celulose é responsável pelo desenvolvimento de diversas regiões. O empresário Joab Dias, de Mucuri, está há 26 anos na cidade. “Começamos com uma padaria e de lá para cá o comércio se desenvolveu. Eram apenas cinco funcionários e hoje temos uma equipe de 160 trabalhadores. Temos lojas em Mucuri, Itabatã, Nova Viçosa e tudo isso depois do desenvolvimento da indústria da celulose na região”.

Ampliação e novo nicho

Segundo a gerente de Relações Institucionais e Legais da Suzano, Mariana Lisbôa, a unidade do Sul da Bahia conta com 5,5 mil colaboradores, entre próprios e terceiros. “Este ano estima-se um investimento de mais de R$ 700 milhões para a planta de Mucuri. Vamos incrementar a produção de papel e passar para um novo nicho, o papel tissue, que é o papel sanitário, e também aumentar o número de colaboradores próprios, inicialmente com cerca de 200 novos postos de trabalho, fora terceiros diretos e indiretos”.

Ela informa que hoje a matriz da Suzano é na Bahia e a empresa vem focando cada vez mais na contratação da mão de obra local “Em 2017, a Suzano está com uma capacidade de 2 milhões de toneladas de produção, entre celulose e papel. A Suzano conta com um quadro muito competente de colaboradores, especialmente aqui no estado. Nós fazemos a capacitação desses trabalhadores tanto com a presença física como por meio online”.

Para Mariana Lisbôa, o Governo do Estado tem sido um parceiro da Suzano. “Todos os acordos firmados são estritamente cumpridos, isso é algo importante porque gera uma boa ambiência de negócios. Estar na Bahia é uma vantagem por causa da parceria com o Governo. Houve incentivos por parte da administração estadual, acordo com créditos de ICMS, e a parte de incentivo fiscal é importante para a decisão de se ampliar a planta na Bahia”.

Maior produtividade mundial

Segundo a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf), a Bahia ocupa a quarta posição em área plantada com eucaliptos no Brasil. A produtividade dos plantios de eucalipto do estado é a maior do mundo, principalmente pelas condições de clima e solo e pela tecnologia de ponta empregada na cultura. Dados da Abaf apontam que, enquanto a produtividade média dos plantios baianos atinge 42m³/ha/ano, a média anual nacional é de 35m³ por hectare. Já a produtividade média dos principais países produtores fica em 24m³ por hectare/ano. Em alguns lugares, o eucalipto, que na Bahia demora sete anos para ser colhido, só pode ser extraído após trinta anos de cultivo.

De acordo com Sérgio Alípio, advisor de Relações Institucionais da Veracel, a planta de Eunápolis foi desenhada em 2005 para uma capacidade de 900 mil toneladas de celulose por ano. “Com as melhorias de processo, hoje estamos com a capacidade de 1.12 mil toneladas por ano. Isso significa um crescimento de mais de 25% da nossa capacidade instalada”.

Ainda segundo Sérgio Alípio, “a Veracel se tornou exportadora participando do Programa Desenvolve, oferecido pelo governo. Outro fator foi a produtividade florestal do sul da Bahia que nos coloca em um nível de competitividade internacional muito importante”.

Alípio informa também que a indústria mantém três mil empregos permanentes, entre diretos e indiretos. “A Veracel também realiza cerca de R$ 300 milhões em compras por ano sobretudo na Bahia. Em termos de serviços, temos algo em torno de R$ 360 milhões contratados, e aquelas empresas que não são baianas têm CNPJ baiano, elas têm que ter recolhimento na Bahia. A Veracel gera ainda cerca de R$ 100 milhões de tributos entre federais, estaduais e municipais”.

Infraestrutura

Para o superintendente de Atração de Investimentos da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Paulo Guimarães, os recursos aplicados pelo governo em infraestrutura são fundamentais para o desenvolvimento do setor industrial. “Nós estamos negociando com os Chineses e com a Bahia Mineração a conclusão da Ferrovia Oeste-Leste, especialmente no trecho Caetité-Ilhéus, e a construção do Porto Sul, que vão permitir o escoamento dessa produção. Temos projetos de ampliação do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador, outros projetos a serem implantados no Porto de Aratu. Este conjunto vai trazer uma realidade portuária que vai ampliar a indústria baiana, inclusive a de celulose”.

SECOM-BA | Raul Rodrigues