Jerfson é mais um dos ex-estudantes, que fez questão de dar a sua contribuição no resgate dos 30 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Jerfson é mais um dos ex-estudantes, que fez questão de dar a sua contribuição no resgate dos 30 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)


“O princípio de tudo é querer”, esse é o lema que o mestre em Engenharia Mecânica, Jerfson Pereira de Almeida, de 31 anos, leva na sua vida. Há 15 anos, Jerferson, então com 16 anos de idade, ligou para a diretora do Colégio Anísio Teixeira, Valdimária Martins e disse que precisava da sua ajuda. “Eu quero muito estudar no Anísio, mas meus pais não têm condições financeiras de pagar”, disse o jovem à Valdimaria.

Jerfson é mais um dos ex-estudantes que fez questão de dar a sua contribuição no resgate dos 30 anos de história do Colégio Anísio Teixeira, de Eunápolis.

Filho mais velho dos três de uma família de pequenos agricultores de Guaratinga, Jerfson viu que se não lutasse por seu sonho, não conseguiria realizá-lo. “Eu sonhava em ser militar, entrar na Marinha ou Aeronáutica. Sonhava em comandar um navio. Naquela época, quando se falava em ser militar tinha que estudar no ITA e para isso eu precisava de uma boa escola”, conta ele. O sonho lhe rendeu o apelido de Capitão entre os colegas e professores do colégio Anísio.

A referência do colégio Anísio Teixeira como uma boa escola, Jerfson teve numa conversa entre amigos. Após a conversa inicialmente por telefone com Valdimária, ele veio a Eunápolis e ingressou como bolsista no colégio. “Meus pais sempre me apoiaram da forma como puderam, mas não era fácil para eles. Eles me apoiaram dentro do limite deles e eu estudei como bolsista do Anísio”, destaca o engenheiro, falando com carinho e compreensão dos pais.

Vencendo obstáculos – Determinado, Capitão encarou os estudos. “Minha vida era estudar. Eu vivi Anísio durante os três anos que estudei aqui”, ressalta ele. A dedicação aos estudos fez que conseguisse ser aprovado no curso de Engenharia Mecânica, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), quando ainda cursava o 2° ano do Ensino Médio.

Mais uma vez o jovem estudante contou com o apoio da “família” Anísio para concretizar o seu sonho. “A escola organizou uma festa para arrecadar dinheiro para que eu pudesse ir para universidade e depois fui morar em Vitória-ES na casa da Delza, mãe do diretor e professor Everaldo. Eles me deram a bolsa no Anísio e depois todo o suporte durante minha vida universitária”, destaca. “É por isso que me fiz questão da presença dele na minha formatura e pedi para Valdimária me entregar o diploma”.

Jerfson fez questão que Valdimária entregasse o diploma no dia da formatura. (Foto: Arquivo Pessoal)

Jerfson fez questão que Valdimária entregasse o diploma no dia da formatura. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ao ser questionado sobre o que o Anísio representou em sua vida, Jerfson disse que as relações do colégio com os alunos extrapolam a transmissão de conteúdos. “O Anísio é uma família que acolhe com carinho. Os professores buscam identificar e desenvolver a capacidade de todos os alunos. Guardo com carinho o que aprendi com a Valdimária, com o Everaldo, com o Marcos Pontes e com o Clemens”, ressalta.

Um sonho mais que realizado – Após se formar em Engenharia Mecânica pela UFES, Jerfson ingressou no curso de mestrado, também em Engenharia Mecânica, na mesma universidade. O então mestre em Engenharia Mecânica conseguiu ingressar na Petrobras e hoje trabalha numa Unidade Operacional da empresa, na Bacia de Santos. “Realizei meu sonho, não sou um militar, mas gerencio um navio”, diz ele com orgulho.

Jerfson trabalha em uma Unidade Operacional da Petrobras, na Bacia de Santos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Jerfson trabalha em uma Unidade Operacional da Petrobras, na Bacia de Santos. (Foto: Arquivo Pessoal)

O Jovem filho de agricultores que foi a luta e concretizou seus sonhos, se tornou um exemplo para seus irmãos mais novos, que acabaram seguindo seus passos e investindo em educação. “Meus pais continuam em Guaratinga, mas hoje a nossa vida mudou para melhor. Hoje meu pai reconhece a importância da Educação”.

 Uma nova geração – E a confiança que o “jovem estudante Jerfson” depositou, em 2001, no Colégio Anísio para alcançar seus sonhos, começa a gerar novos frutos e se transforma na certeza , em 2016, que o “mestre em engenharia mecânica Jerfson” tem para o futuro de seus três filhos. “Anos que vem, a Clara, que está com cinco anos, vem estudar aqui e depois o Francisco, que tem três anos. Minha maior satisfação vai ser meus filhos estudarem aqui”, disse ele ao olhar para o pequeno Jerfson, de apenas 45 dias de vida, que estava no colo da mãe e para Clara e Francisco que corriam descontraídos pelo pátio da escola.

Jerfson com a família no pátio do colégio. (Foto: Arquivo Pessoal)

Jerfson com a família no pátio do colégio. (Foto: Arquivo Pessoal)

“E esse aqui vai ser nosso novo Capitão”, disse a professora Valdimária com orgulho, quando o pequeno Francisco fez  questão de mostrar que já sabe todas as letras do alfabeto, com a ajuda da irmã Clara.

RADAR64 | Eduarda Toralles