Por G1
Recrutados para atuar em uma colheita de Café em uma fazenda de Caraíva, distrito de Porto Seguro, 38 alagoanos denunciaram ao Ministério Público do Trabalho (MPT-BA) terem sido submetidos a trabalho análogo à escravidão após terem sido abandonados sem dinheiro na rodoviária de Itabela.
Os trabalhadores disseram que foram deixados no terminal rodoviário pela pessoa responsável pelo recrutamento para o serviço.
Conforme o MPT-BA, o grupo é da cidade de Murici, na zona da mata alagoana. Eles chegaram à Bahia na última quarta-feira (16).
Eles disseram que o proprietário da fazenda prometeu que, na Bahia, teriam direito a alojamento, material de trabalho, alimentação e remuneração diária de até R$ 100. Quando chegaram ao local de trabalho, no entanto, disseram que as condições de alojamento eram péssimas, já que foram colocados em uma casa sem banheiro. Conforme o MPT, os alagoanos ainda disseram que tinham que pagar pela água, comida e dormitório e eram ameaçados por homens armados.
O Ministério Público do Trabalho também informou que o grupo reclamou das condições de higiene do imóvel, e que os trabalhadores disseram que tinham que dormir no chão. O valor que seria pago pelo trabalho deles era bem menor que o prometido, conforme o MPT — esse valor não foi divulgado.
O grupo também denunciou falta de fornecimento de equipamentos de proteção. O proprietário da fazenda, que não teve identidade divulgada, ainda não foi localizado para prestar esclarecimentos, informou o MPT.
Ainda conforme o Ministério Público do Trabalho, diante das condições do ambiente, os alagoanos disseram que se recusaram a continuar trabalhando e o proprietário da fazenda, então, teria os levado para a rodoviária de Itabela, na segunda-feira (22).
Sem dinheiro e orientação, os trabalhadores disseram que procuraram a prefeitura da cidade para obter ajuda, e o executivo municipal acionou o MPT e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A Secretaria de Assistência Social de Itabela confirmou que os trabalhadores foram deixados na rodoviária após serem dispensados.
O MPT informou que uma auditora do órgão e uma procuradora foram até a rodoviária, conversaram com os trabalhadores e os encaminharam para uma pousada, onde permanecem hospedados. Ainda conforme o órgão, o valor da hospedagem é pago com recursos do MTE e a alimentação dos trabalhadores está sendo arcada pela prefeitura de Itabela.
O MPT informou que, agora, aguarda a liberação do seguro-desemprego dos trabalhadores, para que eles possam retornar para casa. O órgão afirmou, ainda, que está investigando a situação e vai analisar as condições de contrato firmadas com os trabalhadores para saber se ficou realmente configurado situação análoga à de escravidão.