Recentemente ouvi de um colaborador de uma empresa onde sou consumidor dos seus serviços, o qual manuseando os apetrechos que compõem o seu quadro categórico profissional, que ele adorava a sua profissão, exercida diariamente, inclusive aos domingos e feriados, como forma de aperfeiçoar o seu ofício, mas que, em verdade, “a sua alma era de educador e o seu grande sonho era ser professor especialista em sua área de atuação”.
Esta afirmação veio ao encontro da nossa tese de que a educação acontece em todos os quadrantes e lugares em que há conjunção entre o sujeito reflexivo, o objeto refletido e a inteligência organizacional reflexa. Tal conjunção, ambienta a compreensão e a apropriação do ser e do fazer, que foram expressas na tríade que nós criamos e denominamos de Instinto, Lógica e Magistralidade.
A tríade Instinto, Lógica e Magistralidade, desenvolvida em nossos trabalhos sobre Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional,lança um olhar sobre a organização, desenvolvendo e disseminando conhecimentos, baseados em teorias e métodos quantitativos e qualitativos, com vistas ao aperfeiçoamento do desempenho tanto das instituições, como dos profissionais que nela colaboram.
A Gestão do Conhecimento é uma ferramenta que, aplicada à empresa, possibilita a criação de novas estratégias competitivas, inovação de produtos e serviços, bem como melhorias na solução de problemas, capacitando a empresa para tratar o conhecimento como um recurso gerenciável e, sobretudo, tomando em consideração os Recursos Humanos como Capital Intelectual que, retendo parte significativa do conhecimento que diz respeito à organização, pode vir a contribuir para a melhoria da produtividade, do desempenho e da lucratividade.[1]
Para que se entenda o conhecimento em uma organização, torna-se relevante compreender o processo de construção do conhecimento como algo inerente ao ser humano. Mais ainda, para falar de conhecimento, deve-se ter claro que a informação necessariamente precisa fazer parte dessa discussão. Ela se constitui como parte indissociável do conhecimento, já que ela é a responsável pela geração do mesmo. Em síntese, pode-se afirmar que “[…] a informação é um fluxo de mensagens, enquanto o conhecimento é criado por esse próprio fluxo de informação, ancorado nas crenças e compromissos de seu detentor.[2]
Para alguns autores, o termo Inteligência Organizacional (IO) se relaciona com a análise do contexto em que a organização está inserida, em que se busca reduzir os riscos e diagnosticar o ambiente interno, com o objetivo de estabelecer estratégias a curto, médio e longo prazo.[3]
De acordo com alguns estudiosos, a Inteligência Organizacional (IO) é uma capacidade desenvolvida pelo aprendizado organizacional, no qual se faz uso das informações obtidas nos ambientes em que a empresa está inserida, a fim de compreendê-las e gerar novos conhecimentos que auxiliem na tomada de decisão e resolução de problemas.[4]
Em nossa Consultoria Organizacional, com as técnicas advindas da Gestão do Conhecimento e Inteligência Organizacional, articulamos um conjunto de procedimentos sistemáticos, os quais se apoiam no raciocínio lógico e em métodos científicos para a construção, aquisição e manutenção do conhecimento organizacional.
Os objetivos desta Consultoria é a modelagem da Educação Corporativa, a qual implementa estratégias voltadas para a gestão de pessoas de uma empresa, priorizando as competências e habilidades que devem ser desenvolvidas em favor do contexto organizacional, indo além do corrente conceito de treinamento profissional.
Assim, desenvolvemos a inteligência no âmbito das organizações, utilizando o Método GET (Gestão Estratégica Transdisciplinar), o qual define os conhecimentos tácito, explícito e cultural, objetivando-se, também, aqueles aspectos relativos às atividades que buscam desenvolver e controlar todo tipo de conhecimento.
Para Edgar Morin, o tema da globalização é ambivalente e trabalhar com essa ambivalência é um dos saberes necessários para a educação do presente e do futuro. Para o autor, a ambivalência aparece quando a globalização pode trazer catástrofes ecológicas, mas também a constituição de uma pátria terrestre, uma pátria-mãe comum a todos.[5]
De acordo com Peter Senge, as organizações são feitas de pessoas e as organizações que realmente terão sucesso no futuro serão aquelas que descobrirem como cultivar nas pessoas o comprometimento e a capacidade de aprender em todos os níveis da organização[6].
Senge propõe cinco disciplinas, as quais vão além de matérias isoladas, perfazendo o comportamento que possibilitará a organização aprendente, a saber:
- Domínio pessoal – é a disciplina de continuamente esclarecer e aprofundar nossa visão pessoal, de concentrar nossas energias, de desenvolver paciência e de ver a realidade objetivamente, esclarecendo as coisas que são verdadeiramente importantes para nós, levando-nos a viver a serviço de nossas mais altas aspirações.
- Modelos mentais – são as nossas crenças, pressupostos profundamente arraigados, generalizações ou mesmo imagens que influenciam nossa forma de ver o mundo e de agir. Inclui a capacidade de realizar conversas ricas em aprendizados, que equilibrem indagação e argumentação, em que as pessoas exponham, de forma eficaz, seus próprios pensamentos e estejam abertas à influência dos outros.
- Visão Compartilhada – A prática da visão compartilhada envolve as habilidades de descobrir “imagens do futuro” compartilhadas que estimulem o compromisso genuíno e o envolvimento, em lugar de mera aceitação. As organizações de sucesso serão cada vez mais dependentes da visão compartilhada no ato de definir suas metas, valores e missão.
- Aprendizagem em equipe – A inteligência da equipe excede a inteligência de seus membros, e nos quais o grupo desenvolve capacidades excepcionais de ação coordenada. Quando as equipes realmente estão aprendendo, não só produzem resultados extraordinários como também seus integrantes crescem com maior rapidez do que ocorreria de outra forma.
- Pensamento Sistêmico – é a disciplina que integra as outras, fundindo-as em um corpo coerente de teoria e prática.
Segundo Pierre Weil, estas seriam as tarefas fundamentais para integrar o hemisfério do saber ao do ser, a partir dos quais se integrariam as disciplinas acadêmicas com o propósito de construir uma visão compartilhada para estimular o compromisso com o longo prazo para a mudança de mindset.[7]
Para obter os resultados esperados em nossa Consultoria Organizacional, revisitamos a Visão, Missão e Valores instituídos pelos fundadores, em ordem aos realinhamentos que se fizerem necessários sobre os aportes teórico-metodológicos que subsidiaram os fundamentos organizacionais com as consecuções de suas metas, os quais devem seguir expressos na forma como os colaboradores desempenham os seus papéis intra e extra organizacionais.
A Inteligência Organizacional deve ser canalizada para potencializar o aprendizado da organização, onde a teoria utilizada demonstre as interações de primeira, segunda e terceira grandezas, além de distingui-las sob os pontos de vistas interdependentes do Processo (cuja ação é dinâmica) e do Produto (que sofre a ação dos meios).
Nesse sentido, o estabelecimento e desenvolvimento da Inteligência Organizacional joga um papel fundamental para que o negócio e a empresa possam atender aos desafios dos componentes ambientais, identificando as “skills”do time profissional, a fim de trabalhar no seu aperfeiçoamento, tornando a organização muito mais competitiva, com um time altamente qualificado, cuja entrega de produtos e serviços prestados seguem os mesmos princípios e padrões de qualificação.[8]
Em um mercado competitivo, cujas exigências estão cada vez mais relacionadas tanto às questões sobre o respeito aos consumidores e ao tipo de consumo, quanto à preservação do meio ambiente global e local, sendo duas faces da mesma moeda do Desenvolvimento Sustentável, estes fatores são deveras importantes para o enfrentamento das concorrências.
Ademais, dizer que uma instituição é competitiva, significa afirmar que ela é economicamente estável, com responsabilidade social e ambientalmente integrada, gerando não só o menor impacto possível ao meio ambiente, mas, também, o correto descarte e/ou reutilização dos seus resíduos sólidos e/ou líquidos.
Por isso mesmo, é cada vez maior o número de empresas que buscam alcançar imagens positivas ao vincular a existência de práticas gerenciais ambientais e sociais a seus funcionários, aos stakeholders, ao mercado consumidor, aos concorrentes, aos parceiros e às comunidades do seu entorno.[9]
Nesse sentido, faz-se mister o estabelecimento de um Planejamento Estratégico Empresarial (PEE), que determine a missão da empresa e sua visão de futuro e, a partir disso, defina e elabore estratégias pelas quais os objetivos e metas se tornem possíveis de serem alcançados.[10]
A motivação para que os colaboradores se apaixonem tanto por sua profissão, quanto pelo lugar onde se exerce as suas atividades, permitirá, por uma mão, a compreensão e a apropriação do ser e do fazer e, por outra mão, as expressões da tríade Instinto, Lógica e Magistralidade.
Com o quadro categórico profissional em tela e a correta motivação para o aperfeiçoamento do ofício, a verdadeira “alma” do colaborador, bem como a “alma” da organização, serão reveladas e demonstradas pela tríade Instinto, Lógica e Magistralidade, reverberando a qualidade do seu Ser e Fazer, verdadeiros objetivos da Gestão do conhecimento e Inteligência Organizacional.
[1] PROBST, G.; RAUB, S.; ROMHARDT, K. Gestão do conhecimento: os elementos construtivos do sucesso. Trad. Maria Adelaide Carpigiani. Porto Alegre: Bookman , 2002.
[2] NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. 20ª. ed. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 1997.
[3] NASCIMENTO, N. M.; SANTOS, J. C.; VALENTIM, M. L. P.; CABERO, M. M. M. O estudo das gerações e a inteligência competitiva em ambientes organizacionais. Perspectivas em Gestão & Conhecimento. v.6, n. especial, p.16-28, 2016.
[4] MÜLLER, R.; CASTILHO JÚNIOR, N. C. Inteligência organizacional como ferramenta de gestão: um referencial teórico integrado. Revista Expectativa. v.11, p.83-102, 2012.
[5] MORIN, Edgar. Os Setes Saberes Necessários à Educação do Presente. In: Moraes, M. C.; Almeida, M. C. Os Setes Saberes Necessários à Educação do Presente. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.
[6] SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina: Arte e Prática da Organização que Aprende. Tradução: Gabriel Zide Neto e OP Traduções – 28ª Ed. – Rio de Janeiro: BestSeller, 2012.
[7] WEIL, Pierre. Nova Abordagem Holística. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1987.
[8] OLIVEIRA, Ricardo Justo. Gestão Transdisciplinar. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/82747. Acesso em 05 de novembro de 2021.
[9] CLARO, P. B. de O.; CLARO, D. P.; AMÂNCIO, R. Entendendo o conceito de sustentabilidade nas organizações. Revista de Administração. v.43, n.4, p.289-300, 2008.
[10] FALSARELLA, O. M.; JANNUZZI, C. A. S. C.; SUGAHARA, C. R. Planejamento estratégico empresarial: proposta de um sistema de inteligência organizacional e competitiva. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação. v.12, n.2, 2014.