Por FURO31
Uma família do Córrego do Fradinho, zona rural de Guaratinga, acusa a empresa de laticínios Mandacaru de estar causando danos ambientais com o descarte irregular de resíduos.
Marlos Candido, representante da família, diz que o prédio da empresa foi construído de maneira irregular, a menos de 90 metros da casa de sua família e que a mesma vem fazendo o descarte irregular de resíduos em um vale.
“O prédio onde funciona a empresa foi construído a uma distância de aproximadamente 90 metros da residência de minha família (Fazenda Esperança), e descarta os seus resíduos em um pequeno vale, ao fundo do laticínio, à cerca de 50 metros da residência familiar. Desde o início de suas atividades, os responsáveis negligenciaram a presença dos moradores locais, e vem provocando impactos ambientais inexistentes em mais de 50 anos, desde que minha família se instalou na propriedade. Funcionando há mais de 3 anos, a empresa vem descartando resíduos líquidos de forma irregular, poluindo nascentes, e consequentemente os rios da região, e provocando poluição por odor nas proximidades”, afirma Marlos.
Ainda segundo Marlos, a higienização da empresa é feita com produtos que vão parar no Córrego do Fradinho. “Por volta das 14 horas, após encerrar a produção e higienizar o local com produtos químicos, dentre esses, soda cáustica, uma encanação descarta o líquido residual na propriedade de minha família, escorrendo para uma nascente que dá origem a um pequeno córrego, e posteriormente desaguando no córrego do fradinho, que corta a propriedade. A citada nascente se encontra em estado precário, pois o mesmo laticínio comprometeu o volume de água ao instalar uma represa no local”, declarou.
Marlos informou que procurou os responsáveis pelo laticínio para tentar resolver a situação de maneira amigável em janeiro deste ano e em resposta, a Mandacaru deu um prazo de 30 dias para solucionar os problemas, mas nada foi feito. “Eles disseram que em menos de 30 dias resolveriam os problemas, no entanto, até o presente momento nenhuma medida efetiva foi tomada pela empresa, salvo a remoção de dois reservatórios, que foram instalados à cerca de 15 metros de minha residência”, argumentou.
Ao FURO31, Marlos afirmou que já acionou a Secretaria de Meio Ambiente de Guaratinga e o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), após fazer a denúncia.
O QUE DIZEM OS CITADOS
A reportagem do FURO31 entrou em contato com Ernanes Cardoso, proprietário da empresa Mandacaru. “O IBAMA já esteve no local, mas até então não recebi nenhuma notificação”, disse Ernanes por mensagem.
Ernanes disse ainda que contratou a empresa DPL para solucionar os problemas e que na próxima semana um técnico desta empresa já estará nos locais citados para colher amostras e apresentar sua defesa. “Já designei a empresa DPL de Salvador para estar colhendo amostras”, afirmou.
Ernanes informou que só se pronunciará novamente após a conclusão das atividades da DPL. “Após a empresa me passar o resultado me pronuncio. A Mandacaru está consolidada em Guaratinga a quase 15 anos, empregando 12 famílias diretas e mais 30 indiretas, nunca prejudicamos uma pessoa se quer”, concluiu Ernanes.
O FURO31 procurou a secretaria de Meio Ambiente do município e conversou com o secretário Adalberto Oliveira sobre o caso.
Segundo o secretário, após a denuncia ser recebida, foi encaminhada até a localidade a equipe de fiscalização da secretaria em conjunto com a equipe de vigilância sanitária do município onde foram encontradas irregularidades.
“Encaminhamos a equipe de fiscalização da secretaria em parceria com a vigilância sanitária para essa diligência. Chegando ao local, foram constatadas, de fato, algumas irregularidades no descarte dos resíduos. Nós notificamos o laticínio Mandacaru sobre as irregularidades”, afirmou Adalberto a nossa reportagem.
Questionado sobre a proximidade do prédio do laticínio a uma residência, o secretário explicou. “Não houve irregularidade quanto a construção do prédio. A recomendação é que seja instalada em uma área rural, que é o caso.”
Ainda segundo o secretário, a empresa tem 20 dias, após a notificação, para apresentar a sua defesa e um plano de execução para reverter às irregularidades. Caso contrário, a empresa será multada.
O FURO31, até o fechamento dessa matéria, não conseguiu falar com o INEMA e nem com o IBAMA, citados na matéria.