O “Forró Nú no Espaço Liberdade” marcado para o dia 17 de junho, em um sítio localizado em Massarandupió, no município de Entre Rios, Litoral Norte baiano, tem levado polêmica entre associações de moradores e naturistas. Apesar de ocorrer em um local privado, as entidades estão preocupadas com a associação da festa à comunidade naturista, da praia das Dunas, única destinada oficialmente à prática de naturismo na Bahia.
O organizador da festa, Davi Andrade, diz que o forró tem regras compatíveis com o código de ética da Federação Brasileira de Naturismo. Sendo assim, é permitida a entrada de casais e é proibida a entrada de homens desacompanhados no evento. Também não é permitido fazer fotografias das pessoas no local e é vetada a prática de sexo. Menores de 18 anos também não entram, segundo a organização. Este ano acontece a segunda edição da festa junina.
A gestora da praia das Dunas, Associação Massarandupiana de Naturismo (Amanat), discorda da forma de divulgação do evento, alegando que a festa é divulgada como se fosse pública. “Os eventos que se realizam em ambientes fechados, isto é, murados ou sem visibilidade do exterior, nós respeitamos. O que nós discordamos e, nesse ponto, estamos em total sintonia com a esmagadora maioria das pessoas da comunidade de Massarandupió, é a forma como o evento privado denominado ‘Forró Nú’ de 2016 foi divulgado na imprensa e nas redes sociais, o mesmo estando a acontecer com divulgação do ‘Forró Nú’ de 2017, como se de um evento público se tratasse”, diz a associação, em nota.
A associação entrou com uma representação junto ao Ministério Público contra a realização do evento. Segundo o promotor Paulo Cesar Azevedo, a festa deve cumprir regras para que aconteça. “Sendo em ambiente privado, que não tenha visualização na parte externa e ainda que respeite as regras de poder de polícia em relação a eventos realizados no município, não tem problema”, afirma.
O promotor diz que o local deve ser fechado para o público externo, porque a prática de naturismo deve ser limitada em locais abertos, como no caso da praia das Dunas, em que o naturismo é permitido por meio de decreto municipal. O promotor se reuniu com a procuradora do município, que deve fiscalizar o cumprimento das normas.
O procurador do município, Brígido Neto, informou que foram enviados fiscais nesta sexta-feira (9) para verificar se o local vai ser fechado para visualização externa. “Se tiver ok, deve permitir a realização do evento. A prefeitura também vai fiscalizar no dia que ocorrer o evento. O municipio deve oficiar o Conselho Tutelar para que evite entrada de menores. A Polícia Militar também deve colocar equipes nas proximidades”, disse.
A Associação Massarandupiana de Naturismo afirma ainda que a reputação da comunidade e dos moradores é afetada negativamente com a festa. “A ponto de adultos e sobretudo crianças estarem sendo vítimas de bulling quando estão fora de Massarandupió”, defende o comunicado. A entidade entende ainda que o evento deveria ser feito de forma “discreta”, a fim de respeitar a comunidade local.
O realizador do evento, Davi Andrade, defende que a festa levou bons resultados para o setor hoteleiro da cidade no ano passado na primeira edição do evento, durante a baixa temporada. “No mês de junho, tivemos lotação nas pousadas, nas barracas de praia. Tentam fazer a qualquer custo fazer com que isto vire uma polêmica”, comenta. A festa ocorre em um sítio reservado, com piscina, onde um trio que toca forró anima o público. No ano passado, cerca de 40 pessoas participaram. A expectativa é de que, neste ano, o número seja cerca de duas vezes maior.
Além da associação responsável pela praia das Dunas, a Associação de Moradores e Amigos de Massarandupió (Amam) está preocupada com a forma de divulgação do evento. “As pessoas que veem o anuncio acham que é na comunidade, mas é em um local restrito. A população está sofrendo as consequências. Aqui não é todo mundo nu. No ‘espaço liberdade’ podem achar que pode fazer tudo”, sugere
Já o presidente da Associação Baiana de Naturismo (Abanat), Miguel Calmon Gama, diz que não é contrário ao evento, já que indica que não deverá desrespeitar o código de ética da Federação Brasileira de Naturismo. “[O evento]É uma promoção até para a vila e vai levar renda e trabalho”, conclui.