Na última quinta-feira (14) a Polícia Militar cumpriu uma nova decisão judicial de reintegração de posse da fazenda Mata Verde, localizada no Córrego do Ouro no interior de Guaratinga.
Esse é o segundo despejo de 300 pessoas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do local batizado de Acampamento Cláudia Sena, em menos de 90 dias.
Eliane Oliveira, da direção estadual do MST na Bahia, relata que as pessoas despejadas estão na beira da estrada, acampando a cerca de cinco quilômetros da fazenda, em situação de precariedade. “As famílias permanecem lá, porque não têm para onde ir. Nesse momento que a gente está vivendo no país, de muita dificuldade, as pessoas encontram nos acampamentos o lugar para morar e produzir.”
As famílias ocupavam a área desde o dia 2 de abril, mas por terem iniciado a ocupação já durante a pandemia de covid-19, elas não foram contempladas pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu as remoções forçadas no Brasil até 31 de outubro.
Por isso, em liminar, o poder judiciário local determinou a reintegração de posse favorável ao fazendeiro. Segundo o MST, no entanto, a terra de 2.160 hectares não cumpria a sua função social. “Tinha só mato”, resume Eliane.
Dois despejos em três meses
Não foi a primeira vez que as cerca de 300 pessoas foram despejadas do terreno que batizaram como Acampamento Cláudia Sena. Quando estavam ali havia pouco menos de dois meses, em 24 de maio, foram removidas também por ordem judicial. Na ocasião, todos os barracos foram queimados e as roças destruídas.
Dois dias depois, a área foi reocupada. As moradias e as plantações foram refeitas, do zero. Segundo Eliane, a destruição desta última quinta-feira (14) foi como a primeira.