Nesta quinta-feira, 02 de fevereiro, a Polícia Civil de Caravelas concluiu as investigações do sequestro e cárcere privado de um recém-nascido de apenas 20 dias de vida, ocorrido no dia 14 de janeiro, na cidade de Caravelas, praticado pelos suspeitos Ailton Ferreira dos Santos, de 41 anos, Leila de Menezes Dias, Michelle da Silva, 41 anos, e Sthefany de Jesus Silva, de 25 anos.
As investigações comprovaram que o sequestro foi previamente combinado entre as pessoas de Ailton, Leila, Michele e Sthefany. A polícia comprovou que os envolvidos teriam que sequestrar uma ou duas crianças, sendo uma de cada sexo, para um ritual de magia negra com objetivo de curar um câncer em estado avançado da “Mãe Michelle”.
Sthefany ficou encarregada de pesquisar em residências onde poderia encontrar uma criança recém-nascida para praticar o sequestro, a mesma fotografou várias crianças de famílias conhecidas e as enviou para Ailton e “Mãe Michele”, que não aprovaram, por segundo eles, estarem fora do tamanho padrão para a finalidade que se destinava, ou seja, sacrifício para salvar a vida de “Mãe Michele”.
Como Sthefany não encontrou a vítima com idade adequada, a filha de santo de “Mãe Michele” chamada Leila, prontificou-se a vir a cidade de Caravelas com objetivo de descobrir uma recém-nascida, e juntamente com Sthefany praticar o sequestro, enquanto isso, “Mãe Michele” e Ailton aguardariam hospedados em um hotel, localizado em Barra de Caravelas.
Dando seguimento ao plano macabro, Leila foi até a casa de uma pessoa que ela conhecia, onde confirmou que tinha nascido uma criança a poucos dias e que era ideal para o sequestro, cuja finalidade era o sacrifício em prol da doença de “Mãe Michele”.
Dando continuidade ao plano orquestrado pela mãe de santo, no dia 13 de janeiro, um dia antes do sequestro, a suspeita foi até a casa da família do recém-nascido e lá deixou uma mochila que seria usada por Sthefany para levar o bebê após o sequestro.
Como naquele dia não foi possível, ficaram de voltar no dia seguinte. Leila ficou com a missão de distrair a família chamando-os para conversar na parte dos fundos da casa enquanto Sthefany entrava na casa para pegar o bebê e fugir com ele dentro da mochila que já estava na residência sem chamara atenção.
E assim foi feito, as duas vigaristas só não contavam que a avó do recém-nascido ao perceber que a criança não estava na cama na sala também percebeu que a mochila que Leila havia deixado um dia antes também havia sumido, fazendo com que desconfiasse da Sthefany amiga de Leila, prima da mesma.
A polícia foi chamada e juntamente com parentes foram em busca do local onde Sthefany teria ido, enquanto isso, Leila fingia não saber de nada, inclusive disse que na bolsa havia a quantia de R$ 15.000,00 que ela iria usar para fazer o pagamento de diárias de pessoas que tinham trabalhado com ela.
Enquanto isso, Leila usou o telefone e dizia estar falando com Sthefany e que a mesma negava ter feito qualquer coisa e não sabia de nada. A avó da criança e seu irmão falaram pra Leila que iriam até a Polícia e quando saíram da residência, logo em seguida recebeu uma ligação de Leila dizendo que que tinha localizado Sthefany e que sabia que a criança estava com ela, inclusive se disponibilizando levar a avó e seu irmão até Barra de Caravelas onde Sthefany estava, para fazer a devolução da criança.
Durante todo tempo Leila estava tranquila, não demostrando que tinha conhecimento do fato, permanecendo serena quando encontraram com Sthefany que fez a devolução da criança.
Leila não reclamou em nenhum momento contra o crime que Sthefany tinha praticado, demonstrando claramente saber de tudo, inclusive não justificou porque deixou a mochila no dia anterior, mochila essa utilizada para esconder a criança no momento do sequestro.
Em seu depoimento à polícia, Sthefany falou que ela e seus familiares sofriam pressão e ameaças da “Mãe Michele” e Ailton para que praticasse o sequestro com urgência, inclusive quando estava em Guaratinga chegou a tirar foto de diversas crianças, encaminhou para “Mãe Michele” e Ailton, que não aceitaram as crianças para o ritual pois já estavam bem crescidas e o ritual previa criança recém-nascida.
A polícia comprovou que Michelle da Silva, vulgo “Mãe Michelle”, fazendo uso da seita a qual comandava, passou a exigir e ameaçar Sthefany e o próprio Ailton para que providenciasse crianças que seriam sacrificadas com o objetivo de curar a doença que a mesma tinha (câncer), através de um ato denominado troca de cabeças ou Ebó (consiste em fazer um grande Ebó na intenção de qualquer um da seita, de preferência um filho de santo ou quem tenha cargos menores, oferecendo aquela pessoa em troca da outra que se encontra doente, muito doente mesmo, quase morrendo, para que a pessoa que está doente se recupere e se vá à pessoa que foi indicada e oferecida pelo inimigo pelo Babalorixá).
Após conclusão o Inquérito Policial foi remetido à Justiça, com o pedido das Prisões Preventivas dos acusados, o que foi aceito pelo Ministério e apreciado pela juíza que decretou as prisões preventivas de todos os acusados. Leila Menezes Dias é considerada foragida da justiça.