
Além do medo por causa dos deslizamentos de rochas na região conhecida como Córrego do Ouro, que fica em Guaratinga, os moradores temem que o bloqueio do curso de um rio que passa pelo local, motivado pela queda das pedras, cause novos prejuízos. Eles contam que cerca de sete hectares de terra já foram inundados.
No dia 21 de junho, um deslizamento ocorreu em um monte de pedras, de cerca de 600 metros, que fica no local. Na ocasião, a avalanche bloqueou o curso do rio e deu origem a uma represa que inundou quase sete hectares de terra.
A Defesa Civil esteve no local e pediu para os moradores se afastarem. Mas os produtores rurais da região pedem o apoio da prefeitura para que o curso do rio seja desbloqueado.

“Vamos entrar em contato com eles, para eles mandarem a máquina para ajudar essa água que está descendo. O perigo é que ela está represada e, com a chuva de pedras, a água pode aumentar e empurrar para baixo, que ainda ficou plantação aí para baixo, e causar mais prejuízo ainda”, disse o produtor Aldo Assis.
Segundo a Defesa Civil da cidade, a previsão é que a situação seja resolvida o quanto antes.
“Em contato com secretário de infraestrutura, ele informou que enviará um maquinário para a localidade para fazer essa desobstrução e evitar esse represamento”, disse Cristiano Araújo, coordenador da Defesa Civil de Guaratinga.

De acordo com o engenheiro civil Luiz Edmundo Campos, o deslizamento do dia 21 pode ter sido causado pela chuva, porque pode ocorrer infiltração de água na fissura da rocha quando o local não tem serviços para retiradas de pedras e construções de estradas. Os moradores ainda lembram.
“Estava sentado no sofá conversando com meus pais. Geralmente, a pedra faz um barulhinho quando vai cair. Mas, dessa vez, foi de vez. Um barulho bem forte. Quando a gente correu para abrir a porta, para saber o que é que é, o susto foi tão grande, a porta estava tremendo. Foi muito assustador mesmo”, disse Lucas Rodrigues, produtor rural.

Outro morador disse que teve prejuízo na produção.
“A minha propriedade ficou praticamente destruída pelo impacto. Tinha acabado de investir. Fiz um empréstimo no banco. Fiz a roça de bananeiras, plantei o cacau. Ficou tudo destruído”, contou Edvaldo Bananeira.
Além disso, eles contam que, com a avalanche, uma poeira foi formada no local. Eles temem os efeitos dela.
“Esse pó, ninguém sabe o que pode causar na saúde da gente. Por mais que você tenha todos os cuidados, às vezes pode acabar inalando esse pó”, disse Aldo Assis.

Já foram registrados outros dois deslizamentos de rochas em Guaratinga. O primeiro aconteceu em maio de 2018, quando uma rocha com cerca de 50 toneladas despencou de um paredão e destruiu parte da plantação de uma propriedade. Não houve feridos.
O último registro aconteceu em fevereiro do ano passado. Uma semana antes, a cidade teve tremores de terra de 2,5 graus na escala Richter.