O peso da gasolina no orçamento da população tem aumentado nos últimos anos, graças à inflação e ao preço cobrado pelas distribuidoras. Mas estes não são os únicos motivos que levaram às altas consecutivas nos preços, principalmente nos últimos meses. Um levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostra que o lucro dos donos de postos teve mais influência nas altas do que o preço de custo do combustível. Desde janeiro de 2013, quando a ANP começou a monitorar os preços de forma mensal, até agosto de 2016, o valor cobrado por litro na Bahia subiu R$ 0,987 – foi de R$ 2,825 para R$ 3,812. Se considerarmos apenas os oito meses de 2016, o valor cobrado pelas distribuidoras na verdade caiu, passando de R$ 3,249 para R$ 3,180.
Porém, o preço repassado ao consumidor aumentou na mesma proporção. Este ano, dos oito meses analisados, em sete o lucro dos postos esteve acima de R$ 0,50. A maior margem de lucro por litro registrada foi de R$ 0,64, em agosto de 2016, quando o valor da gasolina também atingiu o terceiro valor mais alto da série histórica: R$ 3,808. A gasolina mais cara foi vendida em maio deste ano a R$ 3,841, quando o lucro foi de R$ 0,623. O Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniências do Estado da Bahia (Sindicombustíveis) rechaçou os números apresentados pela ANP. Ao Bahia Notícias, o presidente do grupo, José Augusto Melo Costa, defendeu que os dados não equivalem à realidade do setor. “Os preços das distribuidoras aumentaram muito mais do que os preços dos postos. Inclusive agora tivemos redução de preço anunciada pela Petrobras, mas aquela diminuição do dia 15 não chegou para os postos. O que aconteceu essa semana também não chegou. Nenhum desses descontos chegou para a Bahia”, lamentou.
Segundo Costa, as notas fiscais das distribuidoras são prova de que não houve redução. “Eu não conheço esse levantamento da ANP, mas eu posso lhe garantir que essa informação não está correta. Do início do ano para cá os preços das distribuidoras aumentou. O lucro deles cresce mais do que o dos postos”, reforçou. Além disso, o presidente do Sindicombustíveis alertou que é preciso avaliar diversas variáveis para a definição do preço e que o “lucro” obtido pela venda do combustível. “O custo do posto, que é diferente para cada ponto da cidade, o sistema de segurança é diferente. Então existem variáveis que façam isso ser diferente, o preço muito é variável desde o ano passado. Além disso, se um posto for de uma bandeira, tem mais custos. Se o posto ‘lucra’ R$ 0,50, significa dizer que a Petrobras vai ficar de 15% a 20% desse valor, uma parte vai para o dono do espaço. Na faixa de 60% dos postos pertencem às grandes bandeiras. Então tem todas essas variáveis”, defendeu.