Foto: Divulgação

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Há 200 anos, o príncipe de Wied, Maximiliano Alexander Philipp, realizava sua “Viagem ao Brasil” (1815-1817). A expedição do viajante alemão resultou na produção de um rico acervo cultural, composto por um diário de viagem, inúmeras anotações catalográficas de espécies animais e vegetais, dezenas de desenhos da paisagem geográfica, dos grupos étnicos e da diversidade da fauna e flora. Por meio de uma atenciosa e densa descrição, o príncipe Maximiliano registrou aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais e naturais dos locais por onde passou. Com espírito cientificista, o viajante percorreu o litoral do Rio de Janeiro a Salvador coletando, observando e registrando a história, a cultura e a natureza do Brasil do início dos Oitocentos.

No fim de dezembro de 1815, Maximiliano iniciou sua passagem pela antiga Capitania de Porto Seguro. Do rio Doce ao rio Grande de Belmonte (atual Jequitinhonha), o viajante percorreu a estrada da costa do mar, passando por povoações, fazendas e córregos d´águas por onde observou a economia regional, as relações de poder, a natureza exuberante e os hábitos e costumes das populações locais. Adentrando as matas, conheceu os mais diversos grupos indígenas que habitavam os sertões do território porto-segurense. As anotações, gravuras e coleções do príncipe de Wied constituem o mais completo e diversificado registro sobre a região no fim do período colonial.

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O projeto “Um príncipe na Capitania de Porto Seguro”, do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias da Universidade do Estado da Bahia (Campus XVIII – Eunápolis), busca revisitar a obra de Maximiliano de Wied 200 anos depois. Com o objetivo de valorizar as contribuições dos registros da expedição para a história da região do atual extremo sul da Bahia, as atividades propostas pelo projeto englobam a realização de um seminário, uma expedição refazendo um trecho da viagem do príncipe, um inventário histórico-cultural, um canal virtual de divulgação do acervo produzido por Maximiliano e uma exposição em fac-símiles das gravuras da “Viagem ao Brasil” – que já se encontra instalada no Museu de Porto Seguro. No dia 30 de dezembro, data que marca a chegada do príncipe no território porto-segurense, entrou no ar a fanpage do projeto (https://www.facebook.com/maximilianoemportoseguro) que cumprirá o papel não só de divulgar das atividades previstas, mas também de disseminar as narrativas e imagens produzidas pelo príncipe de Wied durante sua estadia na antiga Capitania de Porto Seguro.
A coordenação do projeto está a cargo do professor Francisco Cancela, pesquisador da história colonial e indígena do extremo sul da Bahia. Com a equipe técnica ainda em formação, o professor destaca o caráter interdisciplinar do projeto e aponta as possibilidades de parcerias com pesquisadores de outras instituições, tais como da Universidade Federal do Sul da Bahia, da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Federal do Espírito Santo. Para o coordenador, “o acervo coletado e produzido pelo príncipe Maximiliano possui uma riqueza surpreendente e pode ser apropriada como fonte de pesquisas para a história (social, indígena, ambiental) a etnologia, a botânica, a zoologia, além de servir de referência para observarmos as transformações vivenciadas pelo território percorrido pela expedição nos últimos 200 anos”. Por fim, o professor convida a todos a seguirem a fanpage do projeto, “como forma de acompanhar diariamente as anotações produzidas pela expedição de Maximiliano de Wied e refletir sobre as mudanças e permanências que a região sofreu nos dois últimos séculos”.

Por Um príncipe na Capitania de Porto Seguro