Após 85 dias de prisão preventiva, sob acusação de tentativa de atrapalhar a operação lava jato, na qual o Senador líder do governo Dilma, Delcídio do Amaral (PT-MS), foi flagrado por meio de gravações feitas pelo filho de Néstor Cerveró (ex-diretor da BR Distribuidora), oferecendo fuga para fora do país à Cerveró, afim de que ele não fosse apreendido na operação e que seu nome não fosse citado em sua possível delação.


Então, após delação de Cerveró já concretizada, o relator da operação no STF (Superior Tribunal Federal), Ministro Teori Zavaschi, revogou no dia 19 de fevereiro, sua prisão para domiciliar, podendo assim, voltar aos trabalhos no senado, tendo que se recolher à sua residência no período noturno, mas impedido de sair do país.

Delcídio também foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, como operador de propinas no gigantesco esquema de corrupção da Petrobras, tendo recebido 1,5 milhões de dólares em espécie, na compra da refinaria de Pasadena (EUA).

No decorrer desta primeira semana de março, foi vasado por meio da revista ISTOÉ, conteúdo de seu suposto acordo de delação, que até então era desconhecido. Em delação de mais de 400 páginas de depoimentos, Delcídio em suas principais acusações envolveu a Presidente Dilma e o ex-presidente Lula. O Senador acusa Dilma de tentar por três vezes interferir na operação lava jato, com ajuda do ex ministro da justiça José Eduardo Cardozo (atual advogado geral da União), em movimentação sistemática de ambos para promover soltura de Réus presos na operação. Segundo ele, a primeira tentativa do Planalto para alterar rumos das investigações foi em 7 de Julho de 2015, entre Dilma, Cardoso, e o presidente do STF Ricardo Levandowski, em Portugal. Mas a reunião foi fracassada devido ao posicionamento retilíneo do Ministro ao afirmar que não se envolveria.

Logo após, Dilma nomeou o Ministro Fernando Navaro para o STF, assim, usando de influência para evitar punições de empreiteiros. Navaro firmou seu compromisso com o Governo, votou pela soltura dos réus, mas teve voto vencido por 4 x 1, e as prisões foram mantidas. Delcídio também cita Dilma na compra da refinaria de Pasadena (EUA), negócio que gerou prejuízo de 792 milhões, segundo o tribunal de contas da União. Ele diz que, na época, ela como presidente do Conselho de administração da Petrobras, sabia que havia esquema de superfaturamento para desviar recursos da estatal. O mesmo garantiu que ela teve participação efetiva na nomeação de Néstor Cerveró para diretoria da BR distribuidora, fato que a Presidente já havia negado anteriormente. Afirmou também, que na ocasião a aquisição foi feita com conhecimento de todos, sem exceção, inclusive do ex-presidente Lula, que na época era atual. Conforme o Senador, também partiu de Lula a ideia de tentar impedir que Néstor colaborasse com a lava jato, afim de preservar o seu amigo, pecuarista José Carlos Bumlai.

Dilma, Lula, magistrados e parlamentares todos citados por Delcídio, negaram em nota as acusações. O próprio Senador e seu advogado, também disseram em nota que não confirmam o teor das informações publicadas, por não reconhecerem a origem, nem tampouco a autenticidade dos documentos. O Ministro Teori Zavaschi é quem irá decidir se homologa ou não a delação oficialmente. Mas, até então, ele não quis se pronunciar sobre o assunto.

FURO31 | Nick Hendriw