Especialista diz que um canteiro central ajudaria a preservar árvores na Av. Duque de Caxias em Eunápolis (Foto: Reprodução/Instagram/@soulluciana)

Após a retirada de cinco árvores da Avenida Duque de Caxias, no centro de Eunápolis, o FURO31 buscou ouvir o biólogo de Porto Seguro, Fernando Damasceno, que é Mestre em Ciências Ambientais e Consultor Ambiental para entender melhor o que ainda pode ser feito na localidade para reduzir os impactos da retirada.


Na sexta-feira (9), a prefeitura de Eunápolis havia informado a retirada de apenas uma árvore da espécie Algaroba-Prosopis julifrora – com aproximadamente 14 metros de altura e de 40 anos de idade – que tinha inclinado. O caso tomou repercussão na terça-feira (13) com a retirada de outras quatro árvores em pleno feriado de carnaval. O resultado não agradou a população e algumas pessoas chegaram a usar as redes sociais para manifestar o sentimento de revolta.

Biólogo Fernando Damascendo (Foto: Redes Sociais)

Ouvido pela nossa reportagem o biólogo Fernando Damascendo explicou que na avenida poderia ser criado um canteiro central para preservar as árvores sobreviventes.

“A retirada de todas as árvores não possui qualquer justificativa. Elas possuem um efeito paisagístico e micro climático fundamental em um centro urbano consolidado como o centro de Eunápolis. O que deveria ser feito é a substituição da árvore que caiu e a abertura do concreto ao redor para drenar água para o subsolo. Ver-se logo de imediato que outros espécimes retirados estavam saudáveis mesmo sem qualquer espaço de drenagem. A via é larga e cabe um canteiro central com contato com o solo abaixo do asfalto”. Explicou.

Na entrevista, o biólogo também afirmou que as árvores são bens públicos e lembrou que órgãos internacionais estão incentivando o plantio de árvores para a restauração de ecossistemas.

“As árvores, as praças e canteiros, entre outros, são bem públicos e pertencem à coletividade, a decisão de retirada sem parecer técnico detalhado que justificasse sua supressão ou um projeto para o local demonstra uma desconexão ao que demanda os objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU). Por ser tão importante, a ONU definiu a década de 2021-2030 como a Década da Restauração de Ecossistemas, e neste caso estamos falando de ecossistema urbano. O que precisa é a recomposição urgente com manutenção de um canteiro central”. Justificou.

Damascendo orientou que autoridades preocupadas com os danos causados pela retirada das árvores podem procurar o Ministério Público Federal (MPF).

“O espaço está propício para uma bela arborização urbana e não cabe mais a uma secretaria de Meio Ambiente Municipal definir sozinha, sem avaliação de profissionais urbanísticos o destino de espécimes. Já que foi consumado, ao meu ver, um grave erro e que simboliza um retrocesso no desenvolvimento sustentável da cidade. Acredito que deva ser aberto um inquérito pelo Ministério Público Federal por se tratar de um bem comum da coletividade e seja firmado um Termo de Ajustamento de Conduta para recomposição do canteiro central, ressalta-se, fundamental para diversos aspetos, mas também do conforto térmico e serviços ambientais proporcionados pelas árvores urbanas”.

A equipe do FURO31 tentou contato com o secretário de Meio Ambiente de Eunápolis, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Porém o veículo deixa o espaço aberto para caso ele queira se manifestar e apresentar um plano de redução de danos.